quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Primeira Crônica da Vida, seu nome é M

Faz já algum tempo que deixei de escrever, não foi por falta de vontade e sim por falta de inspiração. Sem aquele impulso ou objetivo, escrever é um fiasco.

Depois eu não tenho escrito, porque se no passado eu me acreditei escritora, poeta etc, depois resolvi que eu era apenas uma ESCRIVINHADORA, palavra que é um adjetivo pejorativo, indicando que alguém rabisca, conta estórias, mas não é um literata, não é um escritor.
Então eu resolvi que deixaria de escrever, porque todas as tolices e rimas escritas não interessavam a ninguém a não ser a mim mesma, ao meu ego e aos desabafos e confissões do meu superego.

Entretanto, de uns tempos para cá, tem aparecido sentada a minha porta uma figura estranha, que olha pra mim com olhos de pedinte, e pede: escreva.

Hoje, resolvi conversar com esta figura e saber o que ela queria. Para começar perguntei-lhe logo, seu nome e origens, pois como posso escrever sobre alguém que nem conheço, que nunca vi, não sei o nome e nem trajetos de vida. Então ela me disse:

"É importante saber quem sou? Meu nome, minhas origens?"]
"Se é assim tão importante, eu lhe digo que meu nome é M, simplesmente M e vim caminhando, navegando, voando sobre montanhas, rios, lagos, lagos, cidades, campos para chegar aqui à sua porta e lhe falar dos meus sonhos perdidos, de minhas horas vazias, dos meus dias fitando um horizonte onde eu acreditava ver a luz."

Perguntei-lhe então: - M não é nome, M é apenas uma consoante do alfabeto, no máximo pode ser a inicial de um nome, mas muitos nomes se iniciam com M - qual é seu nome?

"Meu nome é M de Mundo, M de Música, M de Mulher, M de maldade, M de Mar, M de Maria. Porque como M de Mulher eu trago para a Luz do Mundo os seres que o constrói, o edifica, o torna melhor e também o destrói, como M de Música eu canto nas florestas, nas ondas do mar, na arpa dos anjos, no choro das crianças, na alegria dos vitoriosos, na dor dos vencidos, na esperança da juventude, no lamento dos velhos. Como M de mundo eu sou uma parte do todo, a metade de quase nada,  a escória, o fundo, a lama, o lixo e também sou o todo que ninguém consegue ver. Como M de mar eu estendo minhas ondas de amor sobre a areia das praias tentando alcançar aqueles que dormem no egoismo, para que saibam que viver é amar, viver é ser, viver é querer, viver é se doar, dividir, compartilhar. Como M de Maria, eu sou a fantasia do homem que busca a Mulher pura e  perfeita  para mãe de seus filhos, para dormir em seu colo e o amparar nas lutas para se realizar no Mundo. No M de maldade reside o lado cruel da mulher que se vinga da vida quando o amor se vai, a beleza acaba, a esperança se auto destrói, e de tudo que construiu e por tudo que lutou somente lhe resta solidão e saudades dos dias de festas, da horas de alegria, dos anos de sonhos em futuros que não se realizaram."

Penso comigo: - Ah! quanta bobagem esta mulher quer falar. Filosofias vazias, sonhos sem objetivos, preciso me decidir se quero escrever tudo que ela quer me contar.

O que você faria? escreveria sobre alguém assim criada na sombra?